O presidente da Argentina, Javier Milei, acaba de ser incluído na lista da revista Time dos líderes mais influentes do mundo em 2025, e seus críticos imediatamente minimizaram a notícia.

O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent (à direita), falando ao lado do presidente da Argentina, Javier Milei, durante um comunicado conjunto na Casa Rosada, em Buenos Aires, em 14 de abril de 2025  Foto: Presidência Argentina / AFP

Alguns economistas já estão prevendo um possível “milagre econômico” na Argentina.

Os governos peronistas destruíram a economia argentina aumentando massivamente gastos públicos, regulamentações governamentais e (da mesma forma que o presidente Trump está fazendo tolamente nos Estados Unidos) tarifas sobre importações.

Eles transformaram a Argentina de uma das nações mais ricas do mundo no início do século XX em um país economicamente isolado e cada vez mais pobre.

Desde que assumiu a presidência, em dezembro de 2023, Milei reduziu a inflação de quase 300% no início de 2024 para 67% em fevereiro deste ano. A pobreza caiu de 53% da população no primeiro semestre do ano passado para 38% no segundo semestre.

E a economia argentina crescerá saudáveis 5% este ano, de acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI).

“O que Milei está fazendo não tem paralelo nos mercados emergentes”, disse-me Alejandro Werner, diretor do Instituto das Américas da Universidade de Georgetown e ex-diretor do Departamento do Hemisfério Ocidental do FMI.

“O compromisso da Milei com uma gestão macroeconômica ortodoxa é o mais forte que vimos na América Latina em muito tempo”, disse-me Werner. “Não vemos ninguém tão comprometido com desregulamentação, redução de intervenção governamental e liberalização do setor privado há muitas décadas.”

Na semana passada, Milei desmantelou parte dos controles cambiais que vigoravam na Argentina havia anos, que limitavam repatriações de lucros de empresas estrangeiras e a compra de dólares por argentinos. Esses controles desencorajavam o investimento e desaceleravam o crescimento.

A suspensão parcial dos controles cambiais por Milei ocorreu após um empréstimo de US$ 20 bilhões do FMI, juntamente com programas de empréstimos de US$ 12 bilhões do Banco Mundial e de US$ 10 bilhões do Banco Interamericano de Desenvolvimento.

Embora a Argentina já tenha recebido empréstimos massivos do FMI no passado, os governos anteriores desperdiçaram esses fundos em subsídios políticos para vencer eleições. A maioria dos economistas espera que desta vez seja diferente, porque é improvável que Milei desperdice dinheiro como seus antecessores peronistas.

Uma mulher com o filho nos braços vende lápis de cor em uma rua de Buenos Aires; pobreza na Argentina vem caindo e analistas falam em possível 'milagre econômico'  Foto: Luis Robayo / AFP

Após uma breve visita à Argentina, em 14 de abril, o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, declarou que as reformas econômicas de Milei são “históricas” e que o presidente argentino está “tirando a Argentina do abismo”.

Sem dúvida, ainda podem surgir problemas capazes de inviabilizar as reformas de Milei. Se o partido político de Milei tiver um desempenho ruim nas eleições legislativas de outubro, os investidores podem temer que a oposição peronista retorne ao poder em 2027, e os investimentos serão paralisados.

Outro risco é que Milei perca apoio significativo por seu hábito de insultar jornalistas, economistas e legisladores, muitas vezes nos termos mais grosseiros.

Se conseguir controlar seu temperamento e fizer isso, Milei poderá entrar para a história como um dos maiores presidentes da Argentina. / TRADUÇÃO DE GUILHERME RUSSO

Como Javier Milei está criando um ‘milagre econômico’ na Argentina - Estadão


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