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O rapper Emicida disse em uma reunião que iria elaborar um contrato em que o seu irmão, o empresário e também rapper Fióti, teria 50% do lucro do Laboratório Fantasma, principal empresa dos dois. Assim, o mais novo poderia fazer repasses do dinheiro para sua conta pessoal.
Os dois travam uma batalha judicial —Emicida acusa Fióti de retirar R$ 6 milhões do Laboratório Fantasma sem autorização. Ele nega.
A coluna obteve trecho do vídeo da reunião (veja acima), feita por videoconferência, que contou com a presença do gerente financeiro da empresa e de todos os sócios, inclusive os irmãos. "A minha sugestão aqui, então, só pra bater esse martelo é... Evandro [Fióti] vai ser transferido como sócio para o Laboratório Fantasma Produções com a cota de 10% para a gente poder estar com o que a Receita Federal considera tranquilo e sem onerar do ponto de vista fiscal a nossa outra empresa no Simples Nacional", disse Emicida na ocasião.
E seguiu: "Porém, a gente vai elaborar um outro contrato de gaveta, onde ele [Fióti] tem direito a 50% do lucro. E aí ele pode fazer esses repasses que estão retidos em nome dele para a própria conta dele de pessoa física. Para mim não tem problema nenhum isso, podemos seguir tranquilamente."
Procurada, a assessoria de Emicida diz que não poderia comentar um vídeo que diz ser editado. "O contexto da conversa foi omitido, num claro direcionamento de má-fé. Existe um processo em curso, onde esses fatos foram não apresentados", afirma.
Já a assessoria de Fióti diz que "a empresa eventualmente registra em áudio, vídeo ou atas as reuniões". "Mas não vamos comentar vazamento de informações e vamos apurar internamente o que for necessário", completa.
Na quinta (3), a mãe deles, dona Jacira, fez um post nas redes sociais em defesa do irmãos mais novo. "Fióti, sua dor é nossa dor", escreveu ela no Instagram. E também pediu que "a harmonia se restabeleça".
Os dois tinham firmado um acordo no fim do ano passado para fazer a cisão da sociedade, mas o combinado começou a degringolar quando, em janeiro, Emicida diz ter identificado a primeira transferência bancária feita pelo irmão.
Depois disso, resolveu fazer uma pesquisa nos extratos e localizou outras, desde junho do ano passado, que somam os R$ 6 milhões que o rapper acusa o empresário musical de desviar. Fióti diz que as acusações são infundadas e que só retirou lucros a que tinha direito —tudo com conhecimento do irmão.
Como mostrou a Folha, em um email de 20 de janeiro deste ano, Fióti avisou a Emicida que faria uma retirada de lucros do Laboratório Fantasma, no valor de R$ 2 milhões.
Extratos bancários da conta da empresa mostram retiradas exatamente nesse montante. Os documentos estão no processo que corre na 2ª Vara Empresarial e Conflitos de Arbitragem de São Paulo.
Ao identificar as retiradas, o músico anulou uma procuração que dava a Fióti poderes de gestão na sociedade, barrando o acesso do irmão às contas do Laboratório Fantasma. Foi então que o caso parou na Justiça.
Fióti pede, entre outros pontos, para ter o acesso aos recursos da empresa restabelecido. Na quarta-feira (2), a Justiça negou o pedido de liminar dele para acessar as contas novamente.
O rompimento dos irmãos veio a público quando Emicida anunciou nas redes que Fióti não representava mais os interesses de sua carreira, no dia 28 de março.
No fim de 2024, os dois chegaram a um acordo para realizar a separação da sociedade, num processo que deveria durar entre três e seis meses. A ideia era inclusive nomear um executivo para dirigir provisoriamente as operações do Laboratório Fantasma.
A empresa, aliás, é um conjunto de empresas. Na principal delas, Emicida tem o controle de 90% do capital, contra 10% de Fióti; numa outra, dedicada à marca de roupas de mesmo nome, é exclusivamente de Fióti.
Mas a defesa do irmão mais novo argumenta que, apesar da divisão societária formal, o objetivo do grupo de empresas sempre foi realizar uma divisão de lucros igualitária entre os dois.
CALHAMAÇO
O governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), prestigiou o lançamento do livro "A Luta pela Livre Iniciativa", do presidente da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp), Alfredo Cotait Neto. O presidente do PSD, Gilberto Kassab e o secretário estadual de Projetos Estratégicos de São Paulo, Guilherme Afif Domingos, compareceram ao evento, realizado na Livraria da Travessa do shopping Iguatemi, em São Paulo, na quarta-feira (2). O empresário Andrea Matarazzo e o ex-ministro da Justiça Torquato Jardim estiveram lá.
com KARINA MATIAS, LAURA INTRIERI e MANOELLA SMITH
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