A esquerda está nua - Revista Oeste


This article critiques the current state of the Brazilian Workers' Party (PT), arguing that it is politically moribund and disconnected from the needs of the Brazilian people.
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O Partido dos Trabalhadores está moribundo. Respira, e respira mal, por dois aparelhos — Lula, que também está entubado na UTI, tratando de sua própria sobrevivência, e o STF, que hoje fornece todo o ar que respiram, um e outro. Não tem mais votos, o que em política quer dizer que não tem vida independente. Não tem lideranças. Não tem obra alguma para apresentar ao público, porque não tem projetos, e não tem projetos porque não tem ideias. Deixou há muito tempo de ser o partido dos trabalhadores para se tornar o partido dos sindicalistas — que não têm nada a ver com o mundo do trabalho. Suas causas, hoje, são a defesa intransigente das ditaduras mais abjetas do planeta, da corrupção em massa e dos criminosos em geral.

O PT, é claro, está no governo, nos Correios e no INSS, na máquina e nas marmitas, na boca do cofre, e tem os seus bons R$ 500 milhões de “Fundo Eleitoral”. Tem acesso, e aí já são bilhões, ao dinheiro da Lei Rouanet. Tem o apoio devoto da banqueirada, dos bilionários com causas no STF e dos “campeões nacionais” pendurados no Tesouro da nação — fora tudo o que é ladrão do erário solto por aí. Tem as melhores relações e parcerias com o crime organizado. Serve e é servido pelos piores exploradores do atraso político do Norte-Nordeste. Tornou-se um dependente de seus vícios.

Correios registraram rombo histórico | Foto: Tânia Rego/Agência Brasil

O que tudo isso tem a ver com o povo brasileiro? Nada, mas o PT está em processo de divórcio litigioso com os cidadãos deste país. Não existe um único interesse objetivo da população de carne e osso, da proteção contra o crime à redução de impostos, que o PT e a esquerda defendam hoje em dia. Nenhum magnata, ou mesmo o sub, o sub do sub e o sub do sub do sub, anda de ônibus, se trata no SUS ou faz uma fila. Não há ali um único gato gordo que tenha de ganhar a vida com o seu próprio trabalho. Em vez de contarem com a classe trabalhadora real, contam com Alexandre de Moraes.

A última medição dos sinais vitais do PT assustaria um médico cubano — daqueles comprados por Lula para trabalhar em regime escravo a favor do governo de Cuba. Num momento em que a população está irada com os preços no supermercado, com a falta de perspectivas coerentes de melhora de renda e com a qualidade miserável dos serviços que recebe do Estado, as prioridades do partido são bloquear a conta de Jair Bolsonaro no banco, ou prender seu filho que está nos Estado Unidos. Falam de Palestina, defendem os sindicatos e ONGs que roubaram R$ 6 bilhões dos aposentados. Exigem cotas para transgêneros, punições contra o agronegócio e o consumo de comida orgânica — mais o “combate” à mudança do “clima”. Não é nada disso que o povo quer ouvir.

Edifício-sede do INSS | Foto: Montagem Revista Oeste/Shutterstock/Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

Como poderia ser diferente? Um partido que se reduz a ter como seu capitão-geral na Câmara dos Deputados o líder de bancada que o PT tem hoje optou, realmente, pelo suicídio em matéria de representação popular. Em primeiro lugar, ele é um condenado em duas instâncias pela Justiça Penal, e só está na rua porque a decisão dos tribunais foi bloqueada por um juiz plantonista do Rio de Janeiro. (É mais um dos vícios descritos acima; quando a esquerda precisa de alguma coisa na Justiça, manda buscar a sentença na casa do juiz.) Será que não havia nenhum outro melhorzinho, seja lá quem fosse, para colocar na liderança do PT na Câmara?

Mas isso tudo é apenas horrível. O pior é o que ele faz. Sua prioridade, no momento, é o tráfico de decisões judiciais sórdidas para bloquear as contas de Bolsonaro — não quer que o seu filho receba remessas do pai nos Estados Unidos. Como marca de caráter pessoal, é uma calamidade: ele se volta contra o próprio colega de Câmara. É também uma aberração. As remessas, caso existam, são legais; as autoridades financeiras e o STF, aliás, sabem tudo sobre as finanças do ex-presidente. Querer o que ele está querendo é má-fé, demagogia e ignorância ao mesmo tempo. Mas pior do que tudo isso, e sintoma óbvio do estado de coma político da esquerda, é a demonstração de que o PT, hoje, está a anos-luz de qualquer proposta que tenha algum contato com a agenda do cidadão comum.

É isso o que sobrou do programa do PT e seus parceiros — um amontoado mesquinho de negações e de preces em favor da repressão policial. “Não à anistia”, repetem, como muçulmanos de joelhos rezando na direção de Meca. Não à liberdade de expressão nas redes sociais, tudo pela censura. Cassação de mandatos, abertura de inquéritos criminais, punições para os seus suspeitos de “homofobia”, de “racismo” e de “machismo”. Não ao ensino da língua portuguesa correta, da matemática e das ciências exatas. Apoio cego a um presidente que nega valores fundamentais da sociedade brasileira — família, religião, moral comum, pátria, repulsa ao crime. Lula diz que tudo isso é uma “pauta do atraso”. A esquerda bate palma.

Pior ainda que a pauta negativista é a pauta propositiva. O PT, como o resto da esquerda mundial, tornou-se um megafone que repete a ideia única do “progressismo” atual: a sociedade que só tem Estado, e não cidadãos. Essa doutrina reserva aos seres humanos a função exclusiva de pagar impostos para sustentar as castas burocráticas que nomeiam a si mesmas para governar a todos, porque se consideram as únicas qualificadas a definir o bem e o mal comuns. O PT sonha em ser uma China — a combinação ideal de propriedade privada selvagem e ditadura policial. Divaga sobre um país imaginário e globalizado, como a “Europa Federal” dos Macrons e das Merkels, governada por uma elite de burocratas e bilionários com “pegada social”, importadora líquida de miséria para fazer o trabalho pesado e palco para farsantes como Marina Silva.

Marina Silva | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O Brasil do PT é o Brasil em que os não eleitos, em todos os níveis, tomam cada vez mais as decisões que afetam o interesse comum e o dia a dia do cidadão que paga imposto. É o Brasil em que o procurador do Ministério Público, sem controle de ninguém, decide que o Estado de Roraima não pode dispor de energia elétrica gerada em território brasileiro, porque não quer que as linhas de transmissão atravessem “áreas indígenas” — ou que proíbe a construção de uma ferrovia essencial para a economia nacional em Mato Grosso. É o Brasil em que o STF não permite o ensino da gramática nas escolas públicas municipais, e em que os funcionários nomeados do Ministério da Educação escolhem aquilo que o seu filho tem de aprender na escola. É o Brasil da ditadura branca do fiscal do Ibama, do fiscal do Incra, do fiscal da Receita, do fiscal disso e daquilo que autoriza, proíbe e manda. É o Brasil em que a “Justiça Eleitoral” vale mais do que o voto. O eleitor elege, o TSE cassa.

Em cima de tudo isso a esquerda brasileira, sobretudo nestes últimos dois anos e meio de governo Lula, abandonou qualquer aparência de ter uma política econômica para o país. Tem uma ideia, e apenas uma, quando o assunto é economia: aumentar imposto. Não há uma segunda ideia, e nem uma alternativa: ou é mais imposto, ou é mais imposto. O princípio geral é que o cidadão tem, obrigatoriamente, de adaptar o seu bolso às despesas do Estado: se está combinado que você paga 100, mas o governo gastou 150, é você mesmo quem tem de cobrir os 50 da diferença, sempre, mesmo porque todo o dinheiro que existe na praça é das pessoas, e não de alguma entidade sobrenatural.

Não se poderia, nesses casos, pensar numa redução das despesas? Não, em hipótese nenhuma. A regra número 1 da nossa política econômica, e não há regra número 2, é que a gente pode fazer qualquer coisa, menos uma: cortar gasto do governo. Não importa absolutamente nada, para o PT, saber se, num Orçamento de R$ 5,5 trilhões como esse que está aí, existe algum gasto dispensável. É uma questão de princípio. “Decisão da Justiça não se discute, se cumpre”, não é mesmo? Então: despesa do Estado não se discute, se paga. Nem os R$ 63 milhões que Janja, sozinha, já gastou em viagens internacionais? Nem os vinhos de safra do STF? Nem as novas SUVs blindadas para os diretores dos Correios, ora falidos? Não, nem isso.

Não há nada mais didático para entender a política econômica do PT do que as últimas decisões tomadas em Brasília em relação ao seu dinheiro. Não apenas você tem de pagar tudo o que o governo gasta, seja lá o diabo que for; você tem de pagar também o que eles roubam. Na ladroagem dos aposentados do INSS, por exemplo, o governo promete repor o dinheiro roubado dos velhinhos — mas com o imposto que você está pagando cada vez que põe combustível no tanque ou acende a luz de casa. Não se poderia pedir ao irmão de Lula, talvez, que fizesse a gentileza de devolver a parte que foi para o seu sindicato? Nem pensar. Eles roubam. Você paga.

E esse sinistro aumento do IOF, então? O governo, sem prestar nenhuma atenção no que estava fazendo, houve por bem aumentar o IOF — em certos casos, em até dez vezes. Assustou-se de repente com as contas e, mais uma vez, foi extorquir dinheiro do povo; mais uma vez, nem sequer pensou em cortar alguma despesa. Tudo bem. Sabe-se que a esquerda, filosoficamente, é contra o cidadão guardar para si o dinheiro que ele próprio ganhou, e sobre o qual já pagou impostos; também quer confiscar o que ele poupou, donde a sua perseguição perpétua aos “ganhos financeiros”. Mas aí já é a vergonha de roubar e não poder carregar. Houve uma gritaria em regra. Lula correu; sempre corre, como na tentativa de golpe do Pix. (Na cabeça de Alexandre de Moraes, tentativa de golpe é crime de golpe — não para todos, é claro.) Mas correu mal, e no momento tenta piorar o soneto com emendas feitas em cima do joelho.

Fernando Haddad apela para a chantagem: ou aumenta o IOF ou os serviços públicos entram em colapso | Foto: Reprodução/Flickr

A reação inicial do governo, via o não economista Fernando Haddad, foi apelar para a chantagem: ou aumenta o IOF ou os serviços públicos entram em colapso, vem shut down aí, ninguém recebe mais um tostão do erário. Mas quem gastou todo o dinheiro que já tinha sido pago em impostos, e ficou com uma mão na frente e outra atrás? Eles ou você? Antidemocrático, esse tipo de pergunta. O fato é que o gato subiu no telhado e agora estão lá, com os mottas e alcolumbres, tentando mais uma gambiarra. Segundo Lula, não houve erro do governo. Nunca há. O que houve é que o ministro Haddad, coitado, no “seu afã de dar uma resposta rápida à sociedade”, agiu bem demais, e agora vamos “conversar” para acertar “nossas contas fiscais”.

Mas “a sociedade” não estava pedindo “resposta” de nada; só não quer ser roubada de novo, e só pede que o governo deixe as pessoas em paz. Além do mais, quem foi que desacertou as contas? Como sempre, nem uma palavra, nem que fosse para mentir, sobre redução de gastos; parece que já nem se animam a contar mentiras. No fim das contas quem vai pagar é o povo, por algum truque que inventem, com a desculpa de que o dinheiro vai sair “das empresas”, ou “dos ricos” — como se isso tivesse acontecido alguma vez na história da humanidade. É mais um clássico do “se não tem tu, vai tu mesmo” — sendo que o “tu” é o pagador de impostos.

Se o Brasil fosse uma democracia, a solução estaria a menos de um ano e meio — nas eleições gerais de 2026 esse governo seria varrido da face da Terra. Mas o Brasil do consórcio STF-Lula não é uma democracia; é um jogo roubado no qual quem decide a eleição não é a maioria do eleitorado, e sim um TSE que a cada eleição bate com as nove sem ter as nove. O escrutínio público não existe, porque não existe a apuração pública dos votos, e quem pede algum tipo de verificação é punido com multa de R$ 22 milhões, sem qualquer julgamento, sem direito a advogados e sem possibilidade de recurso. A campanha não é livre: é proibido dizer que Lula é ladrão, embora a Justiça brasileira tenha dito que ele é corrupto passivo e lavador de dinheiro, por sentenças de nove juízes diferentes dadas em três instâncias sucessivas.

Agora, pensando em 2026, já estão se mexendo de novo. O STF já condenou Bolsonaro por “golpe”; ainda não deu a sentença, mas já condenou antes do julgamento, praticamente em público. Um magnata do PT já propôs mudança de regra nas eleições do Senado, com uma volta da figura do senador biônico da ditadura militar. O próprio Lula, enfim, descobriu que chegou a hora de tumultuar a eleição para o Senado — que em 2026 vai renovar dois terços dos seus membros. Já está dizendo que a oposição não pode ganhar, porque se ganhar vai fazer “muvuca” com o país, e isso ele não vai permitir. Não vai fazer “muvuca” nenhuma; pode, talvez, exercer o seu dever constitucional de fiscalizar e colocar limites no STF. É o que Oeste vem dizendo há mais de dois anos — não porque haja algum cientista político por aqui, mas porque a lei diz que a maioria dos senadores pode destituir um ministro do STF, ou quantos julgar que deve. Um governo em ruínas como o de Lula-Janja-PT-STF-etc. tem tudo para se afundar no Senado em eleições livres e decentes.

A única saída aberta para o consórcio, cada vez mais, parece ser a da ditadura — ditadura judicial com fantasia de civil recivilizado, mas ditadura do mesmo jeito. O empenho enfurecido em censurar as redes sociais e cassar a palavra de milhões de brasileiros, bem como seu direito de se informar livremente, onde e como quiser, é uma prova evidente de que não querem eleições limpas no ano que vem. Seu modelo e seu roteiro são conhecidos. Se há ditadura em Cuba, Nicarágua e Venezuela, e se as CEEs, as ONUs, as multinacionais woke e demais entes civilizatórios acham lindo, por que não fazer a mesma coisa aqui? A OAB, as Forças Armadas, os bispos, os que assinam cartas aos “brasileiros” e as classes culturais vão aplaudir de pé. Por enquanto, pelo menos, estão aplaudindo.

O problema para chegar aos fins, como sempre, está nos meios. “The best laid plans, of mice and men, often go awry”, ensina o poema de Robert Burns. Os melhores planos do mundo frequentemente dão errado, nos informa o poeta, e dão mesmo. Hitler, na sua hora final, movimentava tropas que não existiam e dava ordens que não podiam ser cumpridas. É parecido com Lula e seus ministros, debruçados com cara de pateta sobre o novo mapa-múndi do IBGE petista, em que o Brasil aparece no centro do mundo conhecido. Podem estar esquecidos de um outro Brasil — um Brasil muito maior do que as ambições de um presidente e de um partido que estão nus.

Lula da Silva | Foto: Ricardo Stuckert/PR

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