The delay of the conclave until May 7th, 2025, aims to foster agreement among the cardinals. This decision reflects an effort to avoid a lengthy and potentially divisive process.
This conclave is unprecedented in its size and diversity; 133 cardinals from 71 nations will participate. This diversity, reflected in language barriers (the lack of a common language, Italian, amongst the voters), creates both challenges and opportunities in forming alliances and reaching a consensus. The changing geographic distribution of cardinals, with half now from outside Europe, shifts the center of gravity of the Catholic Church.
Pope Francis's legacy is complex. While he expanded inclusivity and focused on mercy, this has also deepened internal divisions. His successor will face the task of balancing this opening up the church with reconciliation amongst opposing factions within the Church.
The delayed conclave provides crucial time for negotiations and compromise. The goal is to prevent the election from reflecting existing divisions irreconcilably, making the task for the new Pope even more challenging.
O anúncio feito nesta segunda-feira (28) de que o conclave terá início apenas em 7 de maio causou surpresa. A expectativa era que começasse já no dia 5. Não se trata de um intervalo protocolar. A decisão carrega um cálculo: ganhar tempo para costurar acordos, ouvir os indecisos, evitar impasses.
Essa é a primeira grande evidência de que o Colégio de Cardeais procura, desde já, construir um mínimo denominador comum. Diante de um cenário de fragmentação, adiar é, paradoxalmente, acelerar a possibilidade de consenso.
Nos bastidores, o adiamento revela uma aposta clara: evitar um conclave prolongado e de desfecho incerto. Não pesa apenas a lembrança da rapidez dos últimos dois conclaves, encerrados em menos de 48 horas. Há também o receio de que uma divisão explícita entre os cardeais exponha fragilidades institucionais e comprometa o já difícil equilíbrio entre a continuidade pastoral e a necessidade de reconciliação interna.
Este será o maior e mais diverso conclave da história recente. Em 1978, quando João Paulo 2º foi eleito, participaram 111 cardeais de 48 países. Hoje, são 133 de 71 nações. O salto não é apenas numérico. Ele reflete a reconfiguração do catolicismo global promovida por Francisco, que expandiu o colégio cardinalício para incluir vozes vindas das periferias e de contextos até então pouco representados. O efeito é direto: mais diversidade, mais complexidade nas alianças e maior imprevisibilidade no voto.
É nesse cenário que emerge um dado inédito: a barreira linguística. Pela primeira vez na história moderna, a maioria dos eleitores não domina o italiano, até então língua tácita dos debates e das articulações de bastidores. A ausência de um idioma comum reorganiza o jogo. Em lugar das tradicionais articulações curiais, ganham espaço blocos formados por afinidades regionais, culturais e teológicas. Um conclave multilíngue é também um conclave mais disperso. E, por isso mesmo, mais imprevisível.
Essa alteração linguística é indício de uma mudança maior. O centro de gravidade do catolicismo se deslocou. Hoje, metade dos cardeais votantes vem de fora da Europa. O efeito é duplo: se por um lado a pluralidade cultural amplia as possibilidades de escolha, por outro ela torna mais difícil a construção de consensos. A Igreja, como corpo global, busca um novo eixo de unidade.
A exéquia do papa Francisco, presidida pelo cardeal Giovanni Battista Re, foi também um palco de sinais. O tom da homilia foi pastoral, quase programático. Re insistiu na figura do "pastor que apascenta as ovelhas" e na urgência de construir pontes, não muros. Não se tratou apenas de homenagear o pontífice falecido, mas de oferecer uma bússola para o futuro imediato. Num momento em que polarizações internas ameaçam paralisar o corpo eclesial, a metáfora da ponte é mais do que uma evocação poética: é um critério eleitoral.
O desafio, porém, não é apenas simbólico. O legado de Francisco é ambivalente. Seu pontificado reconfigurou o horizonte pastoral da Igreja, abrindo espaço para os marginalizados, priorizando a misericórdia sobre a doutrina e tensionando estruturas rígidas. Mas a reação veio com força. Divisões internas se aprofundaram, e os opositores de Francisco hoje atuam com mais coesão e visibilidade do que no início de seu governo.
É nesse contexto que o novo papa será escolhido. Caberá a ele enfrentar a tarefa delicada de recompor o corpo eclesial sem desfazer a agenda de abertura que marcou a última década. Mais do que uma disputa entre alas, o que se esboça é uma tentativa de composição. O tempo ganho até o início do conclave talvez seja o único recurso para evitar que a eleição reflita, de forma irreconciliável, as fraturas que o novo pontífice precisará administrar.
Skip the extension — just come straight here.
We’ve built a fast, permanent tool you can bookmark and use anytime.
Go To Paywall Unblock Tool