Durante a defesa do ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Silvinei Vasques, no julgamento que analisa sua possível participação na trama golpista de 2022, a ministra Cármen Lúcia contestou argumentos apresentados por seu advogado, Anderson Rodrigues de Almeida. A defesa sustentou que os dados de abstenção das eleições daquele ano comprovam que Vasques não interferiu no fluxo de eleitores do então candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Segundo Almeida, um perito técnico foi contratado para cruzar estatísticas oficiais disponíveis no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
— Para colocar um ponto final sobre a acusação de direcionamento policial sob o comando de Silvinei Vasques, contratamos um perito técnico. O resultado é uma prova cabal de que não houve interferência nos votos. Se o presidente Lula recebeu mais de 70% dos votos em 52% das cidades do Nordeste, está comprovado que não houve direcionamento. Nenhum eleitor deixou de votar no segundo turno. Os 27 TREs confirmaram que não houve qualquer reclamação — afirmou.
Após a sustentação oral, a ministra Cármen Lúcia pediu esclarecimentos:
— Doutor Anderson, eu entendi bem? Está expressa a afirmação de Vossa Senhoria de que a abstenção teria relação com a atuação do senhor Silvinei?
O advogado negou qualquer vínculo direto entre os dados de abstenção e a conduta de seu cliente.
— A abstenção é apenas um dado estatístico — respondeu.
— Não tem nada a ver com a atuação de quem quer que seja, certo? — insistiu a ministra.
— Não tem nada a ver com a atuação de quem quer que seja, certo? — perguntou a ministra.
O advogado, por sua vez consentiu.
— Em cada eleição se tem a avaliação a partir de dados do TSE do número de votantes que comparecem em cada zona. Então não tem nada a ver. Afastar qualquer interpretação do menor ou maior índice de abstenção poderia ter sido aumentado por uma atuação. (...) houve tentativa de impedimento ou tentativa de impedimento de eleitores. O nobre advogado afirma que não teria tido nenhuma reclamação sobre a possibilidade de impedimento às urnas? — voltou a questionar Cármen Lúcia — O senhor tem consciência de que seu cliente foi chamado ao TSE justamente por reclamações?
Anderson Rodrigues de Almeida assentiu:
— Sim, essas situações foram esclarecidas.
Por fim, a ministra disse que tudo será esclarecido nos autos.
Silvinei Vasques é um dos acusados julgados pelo STF nesta terça-feira (22). A Corte decidirá se aceita a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR), tornando-o réu. Ele é apontado como integrante do segundo núcleo da tentativa de golpe de Estado.
A defesa alega que a PRF atuava de forma independente do governo Jair Bolsonaro e nega qualquer tentativa de obstrução no segundo turno das eleições. Vasques é acusado de ter organizado blitzes nas regiões onde Lula obteve maior votação no primeiro turno.
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