Apple usa seis aviões para levar 1,5 milhão de iPhones da Índia aos EUA e evitar tarifa de Trump - Estadão


Apple secretly used six cargo planes to ship 1.5 million iPhones from India to the US to avoid Trump's tariffs on Chinese goods.
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A Apple fretou seis jatos cargueiros para transportar cerca de 1,5 milhão de iPhones da Índia para os EUA, numa manobra organizada em sigilo a fim de driblar o tarifaço imposto pelo presidente Donald Trump sobre produtos chineses. A estratégia permitiu à empresa evitar sobretaxas de até 125% aplicadas a importações originadas da China, principal base de fabricação da companhia.

Segundo fontes ouvidas pela agência de notícias Reuters, os aviões, com capacidade de carga de 100 toneladas cada, começaram a operar a partir de março. Um deles decolou exatamente na semana passada, quando as novas tarifas entraram em vigor. A operação movimentou 600 toneladas de aparelhos, considerando que o peso embalado de um iPhone 14 com carregador gira em torno de 350 gramas.

Apple lotou aviões de iPhone da Índia para os EUA para driblar as tarifas de Trump Foto: Felipe Rau/Estadão

O movimento da Apple se insere em um contexto de reorganização da cadeia produtiva global de tecnologia, impulsionado pelas tensões comerciais entre Washington e Pequim. Analistas vinham alertando para a alta dependência da Apple da China e os riscos financeiros embutidos nisso. Com a nova taxação, o preço do iPhone 16 básico pode ir de US$ 799 para US$ 1.637,95, o equivalente a aproximadamente R$ 9.565,60, considerando o dólar a R$ 5,84.

A decisão de enviar os aparelhos da Índia buscava aproveitar a alíquota de 26% vigente para produtos indianos, significativamente menor que a imposta à China. Apesar disso, Trump suspendeu por 90 dias a aplicação de tarifas sobre países fora do eixo chinês, mantendo, no entanto, uma taxação universal de 10%. A China foi a única excluída da trégua, recebendo o peso integral das sobretaxas.

Para garantir o sucesso da operação, a Apple teria negociado com as autoridades aeroportuárias indianas no terminal de Chennai, pedindo a aceleração do processo alfandegário. O tempo médio de liberação, de 30 horas, foi reduzido para seis, segundo uma fonte familiarizada com o assunto. A medida visava assegurar que os voos partiriam dentro do prazo-limite antes da aplicação das tarifas.

A Índia, que se consolida como polo estratégico para a Apple, foi peça-chave na resposta da companhia ao novo cenário comercial. A maior fábrica da Foxconn em território indiano, localizada justamente em Chennai, passou a operar inclusive aos domingos, dia tradicionalmente não trabalhado no país. O objetivo era dar conta de um aumento de 20% na produção, conforme planejado pela Apple.

A Foxconn produziu 20 milhões de iPhones no país no ano passado, incluindo modelos mais recentes como o iPhone 15 e 16. Atualmente, 20% das importações de iPhone para os EUA já partem da Índia, segundo estimativas da consultoria Counterpoint Research. O restante segue vindo da China, ainda dominante na produção global.

Além da Foxconn, a Apple conta com a parceria da indiana Tata na fabricação de iPhones. As duas empresas somam três fábricas em operação no país e têm mais duas unidades em construção. O esforço de descentralização da produção chinesa foi acelerado por tensões políticas e por interesses econômicos da Apple em diversificar seus centros de montagem.

As remessas da Foxconn da Índia para os EUA saltaram em valor em 2024. Em janeiro, os embarques totalizaram US$ 770 milhões; em fevereiro, US$ 643 milhões — números muito superiores à faixa de US$ 110 milhões a US$ 331 milhões registrada nos quatro meses anteriores. Mais de 85% dessas cargas foram descarregadas em Chicago, Los Angeles, Nova York e São Francisco.

Enquanto a Apple evita comentar o caso, autoridades chinesas criticaram duramente a imposição de tarifas por parte de Trump. O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Lin Jian, classificou as taxas como uma “ameaça” ao comércio global e acusou os EUA de “coagir” outras nações. O Ministério do Comércio chinês afirmou que lutará “até o fim” contra as sanções. O presidente dos EUA, por sua vez, alegou que a nova política visa forçar renegociações comerciais e proteger a indústria nacional. Trump também declarou que está disposto a dialogar com países que demonstrem disposição para acordos “justos”.

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