A elefanta-africana Pupy começou, na segunda-feira (14), sua viagem de Buenos Aires até o Santuário dos Elefantes Brasil (SEB), localizado na Chapada dos Guimarães, em Mato Grosso. O animal vai viajar cerca de 2.700 km em uma caixa sobre um caminhão. A viagem deve durar cinco dias.
Pupy viveu no Ecoparque de Buenos Aires por mais de 30 anos, onde chegou após ser trazida do Parque Nacional Kruger, na África do Sul. Ali vivia com uma companheira, Kuky, também de origem africana e que morreu em outubro de 2024.
No comunicado de anúncio da morte de Kuky, o ecoparque afirma que o óbito teve causas desconhecidas e que investigava as razões do falecimento do animal.
Agora, Pupy deve viver próxima de outros cinco elefantes que habitam o santuário: Bambi, Maia, Rana Guillermina e Mara, que também foi levada de Buenos Aires para o santuário em 2020.
"A Pupy está fazendo a viagem mais importante de sua vida: é sua última jornada", diz o biólogo Daniel Moura, diretor do SEB, que estima que o animal tenha aproximadamente 34 anos.
"Ela vai ficar no santuário até seus últimos dias. E deve ser uma vida tranquila, sem visitação de público. Ela vai ser um elefante novamente, ela vai ter aquilo que foi tirado dela quando foi capturada na natureza e levada a um zoológico", afirma.
A expectativa de vida de um elefante-africano na natureza é de cerca de 70 anos, mas animais de cativeiro podem ter menos tempo de vida, devido a problemas como alimentação inadequada, maus-tratos e falta de socialização, explica Moura.
Pupy será a primeira e única elefanta africana no santuário, pelo menos até a chegada de Kenya, outro animal de origem africana que deve ser levada ao SEB ainda neste ano —a viagem ainda não tem data definida. Segundo Moura, Kenya tem pouco mais de 40 anos de idade e vive em Mendoza, na Argentina.
"A Kenya está passando por um condicionamento, um treinamento que é a adaptação à caixa de transporte para quando chegar o momento da transferência", diz o biólogo.
Durante a viagem, a elefanta é acompanhada por dois cuidadores e dois veterinários da Argentina, além de uma equipe do SEB. Segundo a instituição, a viagem por terra é mais tranquila e segura para o animal, que recebe água, isotônico, frutas e vegetais no trajeto. A elefanta não faz a viagem sedada.
Moura conta que todos os elefantes que chegam à instituição precisam passar por um período de adaptação. "Eles devem se acostumar com o ambiente novo. A Pupy passou a infância inteira e boa parte da vida adulta em um recinto muito pequeno e sem estímulos", diz.
"Mesmo sem ser maltratada, ela não tinha acesso a estímulos físicos, cognitivos e nutricionais e não tinha autonomia, o que pode trazer grandes problemas para a saúde física e mental. No santuário ela terá isso", completa.
O habitat das fêmeas africanas ficará reservado para Pupy viver sozinha ali até a chegada de Kenya, mas, se ela desejar, poderá conviver com as outras fêmeas do local. Como lembra Moura, elefantas-africanas e asiáticas são espécies diferentes, com comportamento, tamanho e força diferentes.
"São animais que não viveriam juntos na natureza, e, no santuário, queremos oferecer o máximo possível de condições naturais para os animais", afirma Moura.
De acordo com Moura, o Ecoparque de Buenos Aires e o Ecoparque de Mendoza estão se distanciando de atividades de zoológicos tradicionais, com animais confinados para exposição, principalmente animais exóticos, que não fazem parte da fauna nativa da América do Sul. O biólogo diz que o Brasil foi escolhido como destino dos animais por ser o único país na região com um santuário voltado aos elefantes.
"Ela está viajando tranquila e confiante, sob o olhar atento de uma equipe que a conhece e cuida dela. Hoje Pupy está cada vez mais perto de viver a vida que sempre mereceu", afirma o ecoparque na publicação que marca a despedida da elefanta.
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