Rui Costa, o agente da Polícia de Segurança Pública (PSP) que liderou as buscas no quarto de Fernando e Sandra Madureira, revela em tribunal ter encontrado um saco de papel com mais de 31 mil euros debaixo da cama dos responsáveis pelos Super Dragões. A entrada na moradia dos líderes da claque "azul e branca" fez-se com recurso a arrombamento e envolveu uma equipa táctica especialmente enviada de Lisboa. Estávamos às 7h do dia 31 de Janeiro de 2024 e arrancava oficialmente no terreno a Operação Pretoriano.
"O casal estava na cama à nossa chegada. Apreendi um telemóvel e fui informado pelo senhor Madureira que era dele. Foi apreendido um saco de papel com 31.550 euros", adiantou Rui Costa, detalhando que o saco foi encontrado debaixo da cama. Além deste pacote, o agente lembra-se de encontrar mais 620 euros em dinheiro no quarto do casal.
Gonçalo Cerejeira Namora, advogado de Fernando Madureira, questionou o agente sobre a apreensão do dinheiro e carros de luxo, relembrando que a investigação versa sobre incidentes de violência numa Assembleia-Geral do FC Porto. “Foi uma das indicações que me deram, apreender as quantias monetárias que encontrássemos. Pareceu-me relevante”, respondeu o agente, dizendo que as instruções foram dadas num briefing que reuniu os agentes que participaram nas buscas domiciliárias.
Quanto aos carros do casal Madureira, lembra-se da apreensão de dois veículos da marca BMW e de um Porsche. Rui Costa diz não ter tido contacto com os filhos de Fernando e Sandra, que se encontravam em casa no momento das buscas.
As diligências motivaram uma queixa do casal Madureira acusando os agentes de furto, entretanto arquivada. Por seu turno, os agentes da PSP agiram judicialmente contra os líderes dos Super Dragões, num processo por declarações caluniosas que está agora em fase de inquérito.
O segundo agente da PSP ouvido foi Paulo Carvalho, que também participou nas diligências realizadas na moradia do casal Madureira. O polícia detalhou as apreensões de quantias monetárias espalhadas pela residência dos líderes da claque. Questionado pelo advogado de Sandra Madureira sobre quem deu autorização para a apreensão de verbas encontradas no quarto das filhas do casal, Paulo Carvalho colocou a responsabilidade no chefe, António Almeida.
A Operação Pretoriano investiga os incidentes de violência ocorridos na assembleia geral extraordinária do FC Porto de Novembro de 2023. O Ministério Público acusa o ex-líder dos Super Dragões, a mulher e vários outros elementos da claque, de terem montado um clima de medo e intimidação que culminou em agressões a sócios portistas.
No total, foram constituídos 12 arguidos e todos respondem pelos mesmos 31 crimes: 19 de coacção agravada; sete de ofensa à integridade física no âmbito de espectáculo desportivo; três de atentado à liberdade de informação; um de instigação pública a um crime e outro de arremesso de objecto.
Fernando Madureira é o mais mediático do grupo. O homem de 49 anos foi líder da principal claque do FC Porto durante cerca de duas décadas, tornando-se uma das caras mais conhecidas do clube fora das quatro linhas. Começou a exibir um estilo de vida luxuoso, com carros topo de gama, férias de luxo e casas.
Além da violência na Operação Pretoriano, as autoridades investigam ainda um alegado esquema de bilhetes que Madureira liderava. A Operação Bilhete Dourado tem como ponto principal os ingressos cedidos pelo FC Porto ao abrigo do protocolo entre clube e claque para a venda a preços inflacionados. Há ainda uma terceira investigação que visa o antigo líder da claque, relativa a suspeitas de fraude fiscal que serviriam para mascarar estes supostos lucros ilícitos.
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