Ao derrubar os vetos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva aos "jabutis" na lei que regulamenta a instalação de eólicas no mar, o Congresso criou demandas artificiais, para fontes, muitas vezes, ainda não construídas, algumas delas mais poluentes e todas mais caras. E quem vai pagar por tudo isso é o consumidor, serão R$ 197 bilhões até 2050 acrescidos à conta de luz. Esse valor pode aumentar, pois há outros vetos sob análise do Congresso, que estão sendo inclusive negociados com o governo.
Entre as decisões dos parlamentares está a prorrogação do Proinfa, o que representa a contratação de energia cara. Criado há três décadas, o programa de incentivo a energias alternativas - como solar, eólica e pequenas centrais hidrelétricas (PCH) - foi pioneiro, começou bem, mas foi firmado quando essas tecnologias engatinhavam e tinham um custo ainda muito alto, R$ 540 o megawatt. O contrato estava terminando e o Congresso o prorrogou, quando o indicado seria fazer um novo leilão que resultaria em um valor do megawatt de metade do que é pago atualmente, estima um especialista. Aberta a nova concorrência, mesmo que o fornecimento continuasse a ser feito pelas plantas atuais, com o investimento já pago, elas poderiam ofertar um preço menor pela energia. Ao prorrogar o Proinfa se mantém o preço inicial em patamar elevado.
Outro ponto que merece atenção é a obrigatoriedade de contratação de energia eólica do Rio Grande Sul. Essas eólicas não são aquelas antigas, me diz um especialista, mas outras sequer foram construídas, mas já se criou a exigência.
O Congresso manteve ainda a contratação das pequenas centrais hidrelétricas (PCH), que é a medida mais cara de todas, representará um custo extra de R$ 140 bilhões até 2045. A construção de pequenas centrais hidrelétricas parecia uma ótima ideia a princípio, mas o que se viu ao longo do tempo é que há um grande impacto ambiental e em comunidades indígenas, ribeirinhas, quilombolas, o que exige indenizações.
As PCHs perderam a competitividade, o custo por quilowatt é muito mais caro do que das energias eólica e solar. E qual seria, então, a razão para o Congresso manter esse programa? Lobby é a única resposta. Há empresários que compraram carteira de PCHs ainda não construídas e têm interesse na perpetuação do programa. Para atendê-los, o Congresso criou uma reserva de mercado com a obrigatoriedade de se contratar energias de PCHs apesar do preço e do impacto de novas construções.
Uma fonte especializada no setor de energia me contou que, ao procurar um senador para explicar tecnicamente a incoerência desses projetos e o custo que teriam, o parlamentar o interrompeu com a seguinte alegação: "Não me explique, eu não quero entender. Não me constranja, porque eu já decidi votar a favor".
E os "jabutis" ainda não acabaram. O Congresso ainda vai discutir a obrigatoriedade de contratação de energia de carvão e de termelétrica a gás, o que atende especificamente a dois lobbies conhecidos na energia, o da JBS e o de Carlos Suarez, ex-OAS. Além de caras, estamos falando energias sujas, o que mostra a incoerência da medida num país que ambiciona liderar a pauta ambiental global. Apesar disso, há uma negociação com o governo para que a contratação dessas energias esteja contemplada num projeto que está sendo preparado pelo Ministério das Minas e Energia.
Os parlamentares tomaram várias decisões absolutamente erradas, criando demanda artificial sobre fontes de energia que ou não existem, ou são caras demais, ou são caras e sujas, e quem vai pagar é o consumidor na conta de luz. E para piorar essa fatura pode subir ainda mais.
If you often open multiple tabs and struggle to keep track of them, Tabs Reminder is the solution you need. Tabs Reminder lets you set reminders for tabs so you can close them and get notified about them later. Never lose track of important tabs again with Tabs Reminder!
Try our Chrome extension today!
Share this article with your
friends and colleagues.
Earn points from views and
referrals who sign up.
Learn more