Não é porque Jair Bolsonaro não admite em público a possibilidade de não se candidatar a presidente em 2026 que ele não discute o assunto em privado. E não só discute como já deu sinais aos interlocutores mais próximos de que já concluiu quem seria o candidato mais adequado para entregar o que ele mais quer, caso seja condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por tramar um golpe de Estado: um indulto.
Quem quiser o apoio de Bolsonaro em 2026 terá que se comprometer com ele a dar um indulto, caso ele seja condenado no processo da trama golpista, o que é considerado muito provável à esquerda e à direita. E não só isso. "Vai ter que ser alguém na Presidência que tenha o comprometimento, não sei de que forma, de que isso (o indulto) seja cumprido", disse o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) à Folha de S. Paulo em entrevista publicada neste domingo (15).
Só que, no entorno do ex-presidente avalia-se que, caso Michelle ou Eduardos sejam candidatos e qualquer um deles venha a ser eleito, não teria condições políticas de garantir o indulto, que fatalmente seria derrubado pelo Supremo ou viraria alvo de guerra política no Congresso Nacional. "Seria impossível”, admite um integrante do PL ouvido em caráter reservado.
Por outro lado, a maior parte dos outros candidatos da direita muito provavelmente não teria cacife para negociar ou mesmo vontade de se expor politicamente no início do mandato para resolver um problema de Bolsonaro.
Por esse raciocínio, a melhor chance do ex-presidente de receber o indulto seria mesmo o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Ele sofreria menos resistência por não ser um Bolsonaro, teria habilidade e cacife para articular um indulto junto com o Congresso e com o Supremo em nome da “pacificação” do país – e pelo menos por enquanto, acredita-se no bolsonarismo que seria leal e cumpriria uma eventual promessa feita ao ex-chefe.
“Com o Tarcísio, a questão do indulto possivelmente estaria resolvida. Tarcísio é a única pessoa que tem credibilidade suficiente para que o Supremo acredite que um governo de direita não vá continuar com essa perseguição e por outro lado, que consiga do Supremo que um eventual induto presidencial seja respeitado”, diz um dos principais interlocutores de Bolsonaro no meio jurídico.
Além disso, o governador de São Paulo é quem tem o melhor desempenho nas pesquisas de opinião, empatando tecnicamente com Lula com quase a mesma pontuação de Bolsonaro no segundo turno (40%, contra 41% do ex-presidente), e tem índices de rejeição bem menores do que Bolsonaro – 33%, contra 51% de Michelle e 56% de Eduardo, segundo a última pesquisa Genial/Quaest.
Até agora Tarcísio nem sequer confirma que vá disputar a Presidência da República no ano que vem. Mas tanto ele quanto os outros candidatos à direita sabem que, para ter o aval de Bolsonaro à sua candidatura, terão de prometer dar a ele o indulto.
"Tarcísio é o único com pontes construídas com o STF e visto com respeito e sensatez pelos ministros, por ser ponderado e saber conversar. Brigar com o Judiciário leva a qual resultado?", diz um ex-ministro de Bolsonaro ouvido reservadamente pelo blog.
O governador de São Paulo tem boa interlocução com Moraes, e é um “bombeiro” frequente de crises entre o Judiciário e o Parlamento.
Um dos casos mais emblemáticos de atuação de Tarcísio nos bastidores foi o julgamento de uma ação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que pode levar à cassação do senador Jorge Seif (PL-SC), um dos principais integrantes da tropa de choque bolsonarista no Senado. O caso começou a ser discutido em abril do ano passado e até hoje aguarda um desfecho da Corte Eleitoral.
O governador, ao lado do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), e de Rodrigo Pacheco (PSD-MG), entrou em campo e procurou integrantes do TSE – na época presidido por Moraes – para tentar preservar o mandato de Seif, sob a alegação de que as provas contra o parlamentar eram frágeis.
Em um aceno a Moraes, Tarcísio acabou escolhendo, em 14 de abril do ano passado, um aliado do ministro, Paulo Sérgio de Oliveira e Costa para assumir a chefia do Ministério Público de São Paulo.
Isso foi interpretado como contrapartida pela absolvição de Seif, porque a escolha de Oliveira e Costa foi oficializada justamente no período em que o relator do caso Seif no TSE, ministro Floriano de Azevedo Marques, mudou o voto sobre o caso, trocando o entendimento de cassação pelo de absolvição.
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