China e Irã, um pacto no limite


The article examines the strategic partnership between China and Iran, highlighting the benefits and limitations of their cooperation amidst growing tensions with the West and Israel.
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Há algo em comum em paisagens urbanas de Irã, Israel, EUA e China. Nesses países imersos em rivalidade está presente o traço do arquiteto Hossein Amanat, autor de projetos marcantes em todos eles. Nascido em Teerã, Amanat emigrou para o Canadá em 1980, um ano após a Revolução Islâmica. Saiu para escapar da perseguição a sua comunidade, da religião baha’i. Incluído numa lista de condenados à morte, partiu para nunca mais voltar.

Mas deixou para trás uma marca impossível de ignorar: é de sua autoria o monumento mais conhecido da capital iraniana, a Torre Azadi, que ele projetou em 1966 quando tinha 24 anos. Também saiu da prancheta de Amanat um dos prédios icônicos do bairro diplomático de Pequim, a Embaixada do Irã. Com suas construções abauladas inspiradas na estética persa, a representação também abriga a residência do novo embaixador, Abdolreza Rahmani Fazli, nomeado há poucas semanas.

A escolha reflete o crescente valor estratégico para ambos os lados da aproximação entre Teerã e Pequim. Membro da ala mais conservadora da política iraniana e com longa carreira no serviço público, Fazli gravita há anos no topo do poder. Mas ganhou notoriedade entre 2013 e 2021, quando foi ministro do Interior. Sob seu comando, o aparato de segurança do país reprimiu na bala os protestos contra o aumento nos preços da gasolina que sacudiram o Irã em 2019 e que acabaram com centenas de mortos.

Tido como integrante do círculo próximo ao aiatolá Ali Khamenei, líder supremo do Irã, Fazli reforça o alinhamento do país persa com a China. Sob ataque de Israel, a República Islâmica precisa mais do que nunca dos laços com Pequim e Moscou, seus principais aliados no cenário internacional. Mas é um apoio com limitações consideráveis. Para a China, o Irã tornou-se um parceiro com duplo valor agregado: no lado político, um reforço na frente anti-Ocidente; no econômico, um fornecedor de petróleo a preços camaradas.

Sem o mercado chinês para driblar as sanções ocidentais e escoar o seu petróleo, apontam alguns analistas, a economia iraniana já teria entrado em colapso — e com ela, talvez, também o regime. Pequim dá passos calculados, para não pôr em risco suas relações com o Ocidente e outros países do Oriente Médio e evitar sanções secundárias. Guardadas as diferenças, é uma relação parecida com a que o país tem com a Rússia: trocas econômicas que interessam, alinhamento político, mas sem uma aliança militar.

Nos últimos anos, Teerã estabeleceu parcerias estratégicas tanto com Pequim como com Moscou, mas ambas excluem um pacto de defesa mútua em caso de ataque. Ao mesmo tempo, os três países costumam conduzir exercícios navais conjuntos, o mais recente deles em março. No mesmo mês, um encontro trilateral realizado em Pequim reiterou o apoio da China e da Rússia ao direito do Irã de manter um programa atômico para fins pacíficos. Somando tudo, a impressão foi de que Teerã poderia contar com os dois parceiros.

Mas a ofensiva israelense não levou Moscou e Pequim a um movimento militar de defesa de Teerã, reiterando que parceria não é sinônimo de aliança. No lado chinês, transparece uma resignação de que não vale entrar no lado perdedor da briga. Diante dos sinais crescentes de que Israel poderia atacar, o despreparo de Teerã “é simplesmente inacreditável”, escreveu no portal nacionalista “Guancha”, o analista militar Wang Shichun.

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