Como a alta da Selic freia investimentos e impacta o PIB


Brazil's recent increase in the Selic interest rate is slowing economic activity by reducing investment and impacting the GDP.
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Indústria de bens duráveis é um dos ramos mais afetados pela Selic em alta.Porthus Junior / Agencia RBS

A nova alta na Selic, que colocou o juro básico do país no maior patamar desde 2016, pressiona ainda mais a atividade econômica. Com a missão de combater a inflação, o aperto monetário diminui o apetite tanto dos consumidores quanto do setor produtivo. Com isso, a economia deve rodar mais lenta, diante de redução no investimento por parte das empresas e de emprego e renda perdendo ritmo, segundo especialistas.

Com a decisão desta quarta-feira (19), o juro subiu para 14,25% ao ano. O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central ainda projetou que haverá nova alta na próxima reunião, em maio, mas "de menor magnitude".

O professor Marcos Lélis, da Escola de Gestão e Negócios da Unisinos, afirma que o principal efeito dessa curva de alta da Selic é o aperto no crédito, que freia a intenção de compra das famílias e os investimentos das empresas. Além disso, com juro mais alto, a renda média da população tende a não repetir as altas observadas recentemente, segundo Lélis. Todo esse cenário respinga no patamar do Produto Interno Bruto (PIB), conforme o professor:

— A gente está tendo um ajuste. Viemos de três anos crescendo bem, consistentemente. Agora, vai ter um degrau. Eu chamo de um degrauzinho para baixo, crescendo 2%, 2,5% neste ano. Então, você está tirando quase um ponto e meio do seu crescimento, mas continua no positivo.

Na prática, esse movimento de desaceleração da demanda faz parte da estratégia do Banco Central no combate à inflação. O aumento da taxa busca desestimular o apetite por bens, serviços e crédito, acomodando os preços, "esfriando" a economia. O impacto cheio de cada ciclo de alta costuma levar alguns meses. 

Freio nos investimentos das empresas

A economista-chefe da Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado do Rio Grande do Sul (Fecomércio-RS), Patrícia Palermo, destaca que o crédito é um motor relevante da atividade econômica. Portanto, um processo de desestímulo ao consumo ajuda a economia a rodar mais devagar. No âmbito dos negócios, esse processo acaba freando alguns investimentos, com empresários mais criteriosos. 

— Quem tem um plano de médio e longo prazo, que já está em andamento, vai continuar tocando. Mas os pontos de partida podem atrasar. E isso é um problema. Mas, de novo, as empresas não vão zerar os seus investimentos. A questão toda é que se faz, muitas vezes, menos do que se faria se as condições de temperatura e pressão fossem melhores — explica a economista.

Patrícia afirma que o aperto monetário tem seu efeito diminuído por estímulos fiscais e parafiscais que seguem aquecendo a economia e, com isso, pressionando a inflação, segundo a economista. 

Construção civil

O presidente do Sindicato das Indústrias da Construção Civil do Estado (Sinduscon-RS), Claudio Teitelbaum, destaca o efeito duplo da Selic no setor. De um lado, o juro mais elevado impulsiona os saques de valores da poupança, que afeta uma fonte importante de financiamento do mercado imobiliário. Do outro, atinge o poder de compra da população que busca imóveis.

— Isso é muito ruim porque diminui bastante o espectro do financiamento a longo prazo. Então, além de provocar a escassez de funding, provoca também uma redução na capacidade de pagamento do financiamento imobiliário pelos mutuários — avalia Teitelbaum.

Esse impacto é maior nos imóveis de médio valor, que dependem mais de recursos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) e do público mais afetado pelo juro elevado, segundo o dirigente. Na parte das empresas, como o setor vive de ciclos médios e longos, o efeito acaba sendo uma reorganização nos investimentos e no planejamento de novos lançamentos, segundo Teitelbaum.

Indústria

O economista e diretor-executivo do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), Rafael Cagnin, afirma que o juro mais elevado afeta a indústria em cheio, principalmente os ramos de bens duráveis, como eletrodomésticos, eletroeletrônicos, móveis e veículos. Além disso, trava segmentos de máquinas e equipamentos, usados para expansão de produção, segundo Cagnin. O economista explica o efeito do juro alto no planejamento das empresas:

— Juro, no fundo, é uma variável importante no sistema econômico, porque define um custo de oportunidade. Você volta a engavetar todos os projetos de investimento que têm um retorno esperado inferior a essa taxa de juro. Então, engaveta ou não desengaveta projetos. Pelo lado do consumo, é a mesma coisa, principalmente financiamento, crédito. 

O presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs), Claudio Bier, afirmou que o novo aumento da Selic “pune o setor produtivo”. Por meio de nota, o dirigente afirmou que a solução passa por outros caminhos, como o governo controlar seus gastos.

“Essa escalada de juros precisa ter fim, não dá mais para tentar consertar a economia aumentando a taxa, o remédio está pesado demais”, destacou.

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