Aracaju

A Jovem Pan foi condenada a pagar uma indenização por danos morais de R$ 40 mil ao historiador marxista-leninista Ian Neves, influenciador digital com 493 mil inscritos no YouTube. A emissora pode recorrer da decisão.

Segundo documentos obtidos pela coluna, em julho de 2023, no programa Os Pingos nos Is, o comentarista Tiago Pavinatto disse que Neves integrava um grupo miliciano e faria parte de atividades terroristas.

O comentarista fez insinuações sobre a sexualidade de Ian, dizendo que, no regime comunista, ele iria para cadeia "para aprender a virar homem". "[No regime comunista] quem não virasse homem era executado (...) um homossexual falar que é comunista radical é o fim da picada", afirmou Pavinatto na ocasião.

Na ação, os advogados do youtuber disseram que Pavinatto "valeu-se de uma característica pessoal que não se aplica a Ian Neves como artifício para tentar macular sua integridade e reputação".

Eles disseram que após o programa, o youtuber "passou a ser alvo de uma onda preocupante de ameaças e hostilidades, chegando, inclusive, a receber ameaças de morte por meio de diversas plataformas de comunicação".

A Jovem Pan se defendeu no processo dizendo não ter ingerência sobre os comentários e que sempre exibe ao final de seus programas um alerta de que "a opinião de nossos comentaristas não reflete, necessariamente, a opinião do Grupo Jovem Pan de Comunicação".

Segundo a Jovem Pan, se algum conteúdo proferido por Pavinatto causou ofensa ou dano, é patente que a responsabilidade é dele próprio. O comentarista, que foi demitido em agosto de 2023 após chamar um desembargador de "tarado" e "psicopata", não foi alvo do processo.

A emissora disse, no entanto, considerar que as palavras de Pavinatto não difamaram o autor do processo, tendo observado "os limites da livre manifestação de pensamento e da liberdade de imprensa".

Ao condenar a emissora, a juíza Thania Cardin, do Tribunal de Justiça de São Paulo afirmou que a Jovem Pan é responsável, sim, pelos, conteúdos que divulga.

A magistrada terminou a sentença ressaltando que Ian Neves foi alvo de ataques pessoais, bem como tachado de criminoso, miliciano e terrorista, "sem quaisquer preocupações com o significado de cada termo".

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